quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Professor da USP lança dicionário para surdos e ouvintes

Fernando Capovilla, do Instituto de Psicologia (IP)  atua há 25 anos em pesquisas sobre o desenvolvimento e os distúrbios da linguagem. Com mais de 50 livros publicados, neste mês de agosto, o pesquisador lança uma nova edição do Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue, que traz a ilustração do significado de cada palavra e a ilustração da forma do sinal usado em Libras.

Os trabalhos de Capovilla à frente do Laboratório de Neuropsicolinguística Cognitiva Experimental foram sempre no sentido de avaliar e intervir, buscando prevenir distúrbios e remediar condições já existentes – tanto em linguagem oral, como escrita e de sinais.

Os assuntos estudados incluem paralisia cerebral e problemas neurolinguísticos, como dislexia e alexia (dificuldade para ler causada por lesão cerebral em pessoa que dominava previamente a leitura). Capovilla realiza pesquisas para descobrir como a criança pensa, qual a natureza de sua dificuldade linguística e do que precisa para ter menos dificuldade, além de treinarmos professores.

Alfabetização eficaz
A escola, explica capovilla, serve como ambiente para que seja possível comparar o atraso de uma criança em relação à sua turma. Para ter em mãos uma metodologia ainda mais eficaz de avaliação, os pesquisadores fizeram um mapeamento completo do português e da Libras. Foram analisados todos os fonemas, grafemas e fanerolaliemas – leitura orofacial das palavras – bem como as relações entre eles. O trabalho foi realizado com o uso de hardware e software desenvolvidos pelo próprio grupo em parceria com a Fatec.
Na área de Libras, foram analisados os radicais semânticos, o modo como os sinais são alterados de acordo com o contexto onde estão inseridos e os morfemas – unidades mínimas de significado de uma língua. “Em ‘retroprojetor’, estão inseridas as palavras ‘recolher’ e ‘projetar’. Compreendendo os morfemas de uma língua a pessoa é capaz de decodificar um sinal”, esclarece o professor.

Crianças surdas, escolas específicas
A partir do mapeamento descrito anteriormente, foram decodificados todos os morfemas da Libras e desenvolvido um sistema de busca de sinais que permite resgatar qualquer sinal a partir de seus componentes formacionais. Com o método, o professor realizou a pesquisa com mais de nove mil crianças surdas ao longo de todo o território nacional por cerca de 15 de anos e chegou a resultados com aplicações na área de educação.

Estudando o grau de legibilidade orofacial do português, o grupo descobriu que uma criança não consegue ler lábios até que esteja alfabetizada, e que ela se alfabetiza melhor com os significados dos sinais. Para Capovilla, o dado demonstra que crianças surdas aprendem melhor em escolas específicas do que em escolas convencionais.

Em conjunto com a Edusp, o pesquisador lança os dois volumes expandidos da segunda edição do Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue. A nova edição traz o verbete, a classificação gramatical, a tradução para o inglês, a definição, a descrição da forma do sinal, a forma de utilização, a interpretação da natureza dos morfemas, um histórico do sinal e diferentes sinais utilizados nos estados brasileiros para cada palavra.

Além da parte linguística, o livro traz um capítulo sobre um novo paradigma universal de dicionarização da língua de sinais baseado nas neurociências cognitivas, falando da importância do cerebelo. A obra conta ainda com um novo capítulo analisando a oralização, a escrita e os sinais. A intenção do professor é distribuí-la pelo FNDES.

Fonte: www.vidamaislivre.com.br

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